sexta-feira, 6 de julho de 2012

Artigo de Kássius Kennedy


O nosso coordenador e professor de história mais botafoguense do mundo escreveu o artigo abaixo, que eu concordo plenamente.

Os adultos e os filmes de animação
Kássius Kennedy Clemente Batista[1]

Recentemente fui ao cinema e constatei mais uma vez a forte atração que o adulto tem em filmes que seriam, a princípio, infantis. Longe de mim querer estabelecer qualquer regra quanto a isso, não existe mesmo nenhum limite para os jovens e adultos aos  filmes destinados as crianças por um motivo bem simples: essas obras fílmicas não são  apenas para um público específico. Já ouvi de muitas pessoas que filmes como A Fuga das Galinhas, Deu a Louca no Chapeuzinho ou A Era do Gelo não são para crianças e sim para os adultos porque em última análise o público infantil não poderia entender, seja pela pouca experiência ou por não compreender as referências a outros filmes ou acontecimentos do cotidiano, algumas cenas ou a mensagem final da obra.

Quem convive com crianças em casa costuma ver dezenas de filmes infantis por mês e não é isso, na minha opinião, que força a predileção de muitos adultos a esse tipo de filme. A animação tem a fantástica capacidade de fazer o telespectador não duvidar do que está sendo apresentado, capacidade essa que nem mesmo filmes com proposta de acelerar nossos batimentos cardíacos com cenas de ação, explosões, aviões caindo ou trens descarrilando em franquias de sucesso como Velozes e Furiosos e Duro de Matar estão isentos. Tampouco os filmes de herói como Batman ou Os Vingadores escapam de uma interjeição do tipo ‘nossa, que mentira!’ depois de alguma cena que desafia a compreensão do telespectador.

A aceitação das obras de animação vem acompanhada da compreensão que, em geral, o adulto tem que as crianças não têm. E não tem que ter, diga-se de passagem. Em geral o filme de animação traz uma mensagem final que é sim compreendida, seja com relação à amizade, amor, respeito ao próximo e ao meio ambiente, etc. O que acontece é que essas obras estimulam a criatividade e conhecimento das crianças, que não saem do cinema da mesma forma que entraram. Os adultos gostam dos filmes pelo simples fato de compreendê-los, possuem repertório para entender uma piada ou metáfora utilizada pelo diretor do filme. A indústria cinematográfica sabe que alguns elementos do cinema clássico, entre eles a resolução dos problemas a compreensão do enredo e o final feliz ao término da sessão, garantem milhões de dólares para cada filme produzido.

Resumindo meu argumento, as crianças gostam da animação pela magia, pelas cores e músicas e por mexer com a imaginação delas, enquanto os adultos se sentem confortáveis e satisfeitos por terem sido capazes de se emocionar com a proposta do filme. Não há como negar a beleza de obras como O Rei Leão e Toy Story, histórias que conseguem habilmente fazer rir e chorar na mesma hora e meia de frente para as telonas e são sucessos garantidos entre crianças, jovens e adultos. Além disso, essas obras não se encerram nas salas de cinema, os produtores sabem quem esses filmes vão parar nas residências e nas escolas e por isso são cuidadosamente trabalhados para prender a atenção do telespectador e trazem temáticas engajadas como as obras Wall-E ou Robôs.


[1] Mestrando em História pela Universidade Federal de Uberlândia, membro do Núcleo de Estudos em História da Arte e da Cultura  (NEHAC) -  e bolsista da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior CAPES. email: eletric_kennedy@yahoo.com.br

Artigo publicado no Jornal Correio de Uberlândia, no dia 06.07.2012, disponível em: http://www.correiodeuberlandia.com.br/nehac/2012/07/06/os-adultos-e-os-filmes-de-animacao/